A PROFESSORA E O PROFESSOR E O SEU CANTO DE DANÇA
Amália Simonetti
Quem quiser algum dia aprender a voar tem de aprender antes a ficar em pé e andar e correr e subir e dançar. Nietzsche
Em Nietzsche não se pode dissociar conhecimento, arte e vida. A sala de aula é movimento, dança, vida e arte. Para ele o conhecimento só tem importância se privilegia a vida. A sala de aula como uma obra de arte, unindo pensamento e vida. Como a vida uma sala de aula descomedida, atraente, exploradora, descobridora, fascinante, para além do certo ou errado, para além de verdade e inverdades, para além de aprovado e reprovado para além do bem e do mal.
Ao enxergar a sala de aula como espaço de vida, como espaço de dança, como espaço de arte a professora e o professor permitem o apolíneo e o dionisíaco. O apolíneo assegurando a ponderação e o domínio de si e o dionisíaco embriagando e seduzindo num mesmo espaço e tempo. Ao dançar “dionisiacamente” a professora e o professor, buscam vida e sabedoria e, com seus alunos coletivamente, dançam com o outro. E nas palavras de Zaratustra, Nietzsche fala:
Para os que pensam como nós, as próprias coisas dançam, vêm e estendem-se a mão e riem e fogem – e voltam… A dança põe em xeque a aparente imobilidade das coisas, a rigidez imposta ao pensamento, a fixidez forjada pelas palavras. Com o ritmo, o mundo deixa de ser estável; com os gestos, a linguagem deixa de ser unívoca e as ideias ganham leveza (MARTON, 2005, p. 48-52).
Enxergar a sala de aula como canto de dança e vida é concebê-la uma sala afetada, experimentada, pulsante, mutável, que canta, dança e não afasta saber e viver. Dançando a professora e o professor enxerga como ela é: mágica e trágica, razão e paixão, individuação, incomensurável, embriagada num eterno buscar, criar e recriar, construir e reconstruir para além do bem e do mal.
Catando desejos e provocando paixões a professora e o professor ensinam convertendo a sala de aula numa obra de arte, enxergando na sua sala de aula o que ela tem de exuberante e também o que tem de doloroso, que se oculta atrás das verdades absolutas, eternas e imutáveis.
A professora e o professor, trabalhadores da sala de aula, fazem do seu trabalho um espaço de dança e sedução tecido de vida, pensamentos e afetos. Uma sala de aula que não vê apenas a teoria e uma lista de conteúdos. As ações pedagógicas aparecem como cartografias rascunhadas, com rupturas, dobras e linhas de fuga em conexões traçadas sempre e novamente: vir a ser contínuo. É preciso enxergar a sala de aula como espaço de gente, de corpo, de diferenças, de subjetivações, de multiplicidades, de devires interagidos dialogicamente com eus e eus, eus e tus e outros. É preciso ousadia para ensinar, é preciso dançar, é preciso enxergar a sala como canto de dança.
A Escola Espaço Vida enxerga a sala de aula como canto de dança, espaço de vida, de diferenças, de subjetivações, de multiplicidades. EspaçoVida de professores(as) e estudantes, crianças e adolescentes, interagindo dialogicamente com eus e eus, eus e tus e outros. A ESCOLA ESPAÇO VIDA convida professoras e professores para dançar, entoando junto aos estudantes o seu canto de liberdade, no seu canto de dança ESPAÇO VIDA.